Este texto foi desenvolvido
para a terceira avaliação da disciplina de Intervenção pedagógica e
necessidades educativas especiais, cursada na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, ministrada pela professora Carla Karnoppi
Vasques, e visa apontar as reflexões e aprendizados para a carreira
docente que foram trazidos pela disciplina. O presente texto foi postado neste blog, criado para a disciplina de Ensino e Identidade docente, cursada também na UFRGS. Após a rica discussão a respeito do ensino e do
aprendizado voltado aos alunos com necessidades especiais, resolvi
reativar o blog, visto que esta discussão é de extrema importância na construção
da identidade docente e compartilhar estas reflexões é sempre positivo.
Contribuição da disciplina para a vida docente
A inclusão de alunos com necessidades
educativas especiais nas escolas normais (usarei o termo normal para me referir
às escolas que não são dedicadas exclusivamente para alunos com necessidades
especiais) gera inúmeras discussões e levanta possibilidades de pensar o ensino
e o aprendizado não somente dos alunos com necessidades especiais, mas de todo
o corpo discente.
A existência de um
aluno com necessidades educativas especiais dentro da sala de aula não precisa
e não pode ser visto como algo negativo, como um incômodo para o
desenvolvimento das atividades programadas com base os demais alunos. A
presença de um aluno com necessidades educativas especiais deve ser visto como
uma possibilidade de exercer a criatividade, propondo novas atividades, novas
formas de ensinar um conteúdo, gerando benefício não somente para os alunos com
necessidades especiais, mas também para os demais alunos, que vão ter seu processo
de aprendizagem enriquecido por múltiplas formas de visualizar um mesmo
conteúdo.
Diversificar as formas
de pensar as aulas, de repassar o assunto, de despertar o interesse dos alunos
e de avaliá-los, deve ser visto como algo extremamente positivo, ainda mais em
um momento onde a escola vive uma crise, tendo que lidar com alunos com mais
acesso a informação, com mais indagações e trazendo mais desafios para o
professor.
A inclusão dos alunos
com necessidades especiais nas escolas normais é um passo fundamental para que
a sociedade aprenda a respeitar as diferença. Ela gera dois benefícios:
primeiro os alunos com necessidades especiais vão ser incluídos na sociedade desde
sua infância e não somente após sair do período escolar, quando se depararem
com as necessidades e problemas da vida adulta, do trabalho, da carreira; e
segundo, as pessoas aprenderão desde a infância a conviver com a diferença e
com o diferente.
Nesse sentido, a
evolução nas leis que garantem o acesso das pessoas com necessidades educativas
especiais às escolas normais, foi uma grande conquista para a busca da inclusão,
da diminuição da discriminação e do preconceito com o diferente. E o
conhecimento destas leis, tanto por parte dos profissionais que irão trabalhar
nas escolas, quanto de qualquer um que possa vir a ser pai ou mãe de uma
criança com necessidades educativas especiais, é algo fundamental para que a
sociedade possa continuar lutando por melhorias na educação.
Todos nós temos
limitações, seja em determinadas disciplinas que envolvem cálculos, ou as que
exigem mais carga de leitura ou conhecimentos gramaticais. Todos nós, em
determinado momento da vida, já precisamos de maior auxílio para aprender
determinados assuntos ou para desenvolver determinadas atividades. Nesse
sentido, respeitar as pessoas com necessidades educativas especiais é respeitar
o ser humano, como ser dotado de inúmeras potencialidades, mas também com limitações
ou dificuldades, que podem ser rompidas, através de estímulos corretos.
Dessa maneira, é necessário respeitar os
diferentes tempos e formas de aprendizagem de cada um, pois cada indivíduo tem
características únicas e responde de forma diferente aos estímulos recebidos. Mas
também é necessário sempre buscar que essa aprendizagem evolua, respeitando as
particularidades do aluno. Ser diferente, aprender de forma diferente, não
significa ser inferior. A diferença significa riqueza, riqueza de
possibilidades.
Estes são alguns
apontamentos decorrentes da reflexão sobre o ensino e o aprendizado das pessoas
com necessidades educativas especiais. O assunto é muito rico, podendo ser
abordado através de filmes, de livros, de documentários, de textos acadêmicos,
entre outros. A abordagem do tema é indispensável durante a formação dos
professores, tanto durante sua formação no ensino superior, quanto durante a
sua formação continuada. Saber lidar com os desafios e as possibilidades de
lecionar para pessoas com necessidades educativas especiais é uma tarefa que
será aprimorada na prática, no dia a dia da sala de aula, mas, com uma base
teórica, o professor pode se sentir mais seguro e orientado sobre como agir,
sobre os direitos do seu aluno, sobre os deveres do Estado e sobre as
possibilidades de recursos pedagógicos para melhor desenvolver seu papel que é:
ensinar, fazer o outro refletir e questionar, e crescer como aluno, como cidadão
e como ser humano.